quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O mundo ao revés

Catástrofes ambientais inéditas e cada vez mais descomunais, atentados terroristas, epidemias alarmantes, crises econômicas, aumento do desemprego, da miséria, da violência, das desigualdades sociais. A aventura histórica prova que a coexistência no mundo nunca não foi fácil, mas tampouco foi tão difícil como nos dias de hoje. O extremo passou a ser corriqueiro e a sobrevivência imediata motivo de preocupação diária. O pessimismo generalizado está imbuído em toda sociedade. A esperança, elemento fundamental que impulsiona toda atividade humana, por muito pouco não escapa da Caixa de Pandora e abandona o homem à mercê de sua própria sorte.
A era que se segue é marcada por uma complexidade paradoxal nunca vista anteriormente. Trava-se com extrema virilidade um embate entre duas forças antagônicas e assimétricas que tendem a se autodestruírem. De um lado, a presente lógica de expansão capitalista que impõe de maneira nefasta um padrão de vida e de consumo insustentável para os próximos anos. Por outro, um mundo agonizante, individualizado e mercantilizado em sua essência, que já não consegue estabelecer um equilíbrio entre homem e natureza. Ironias a parte, duas década antes Fukuyama proclamava “o fim da história”.
Nesse cenário sombrio e incerto, onde se violam os direitos humanos para, aparentemente, preservá-los, onde se destrói a vida para, aparentemente, defendê-la, o conceito de revolução emerge com sagacidade. Para Walter Benjamin, a revolução não era o motor da história; era o freio diante do abismo. É afirmar, que necessita-se de mudanças muito complexas e muito amplas, necessita-se reinventar a prática emancipatória com base numa nova civilização, que seja unificada; mas não uniforme, que seja igual; mas não idêntica, que seja desigual; mas não injusta. Já não basta tomar as rédeas do poder, é preciso transformá-lo, transformar as sociedades para que possam voltar a decidir o rumo de seus destinos.

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