sexta-feira, 15 de março de 2013

Felicidade

     Embora já tivesse trinta anos, Bertha Young ainda experimentava momentos como esse, quando gostaria de correr em vez de andar, sair dançando pela calçada, brincar, atirar alguma coisa para o ar e tornar a pegá-la ou ficar imóvel e rir - à toa - simplesmente à toa.
    O que fazer se, com trinta anos, ao virar a esquina de sua própria rua, você é repentinamente tomada por um sentimento de felicidade - felicidade absoluta! - como se repentinamente tivesse engolido um pedaço brilhante daquele sol do entardecer e ele queimasse em seu peito, enviando uma chuvinha de faíscas para cada parícula, dos pés à cabeça?
     Oh, será que não existe uma maneira de expressar isso sem passar por "bêbado e descontrolado"? Como é idiota a civilização! De que serve um corpo se tenho que mantê-lo fechado numa caixa como um violino raro?
                                                                                                                                   Katherine Mansfield 

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